EM NOME DE ROMA – Adrian Goldsworty: De tudo que se
escreveu sobre Roma, este livro se destaca ao colocar o foco nos personagens
mais decisivos do Império Romano: seus generais. Foi REsultatravés de seu
poderio militar que o Império foi criado, se expandiu e se perpetuou no poder. O
autor disseca este tema por meio do estudo da trajetória de 15 generais, cada
um deles tema de um capítulo: de Cipião Africano, que combinou um aparente
misticismo com a determinação implacável, a Júlio César, o aristocrata
carismático e agressivo. Observamos em detalhes como cada um desses homens
interagiu e controlou o seu exército, com ênfase nos diferentes estágios de
cada operação e em como estas decisões impactaram no resultado final das disputas.
Ao traçar esta história das batalhas romanas, da ascensão à queda do império, podemos
ver de maneira fluente e acessível, a evolução do exército e do sistema
político romano. Numa palavra: Grandioso. 557 páginas.
A CAVERNA – José Saramago: Publicado em 2000. Nele disseca-se, através da
história de pessoas comuns, o impacto destruidor da nova economia sobre as
economias tradicionais e locais. Trata-se da história de uma família de oleiros
que vê sua vida transformada com a chegada de um grande centro de compras à
cidade. O próprio shopping center pode ser fisicamente comparado a uma caverna,
mas a história vai além dessa comparação e traça paralelos inclusive com o mito
da caverna de Platão e a questão dos simulacros. Em A caverna, Saramago recobra
o mito de Platão para discutir o capitalismo em uma sociedade em que as pessoas
tornaram-se apenas profissões, sombras. Numa palavra: iluminador. 359 páginas.
UMA CONFISSÃO – Liev Tolstói: É uma obra
autobiográfica trata sobre a luta de Tolstói durante uma crise existencial de
meia-idade. Descreve sua busca por respostas à questões filosóficas ligadas à
existência de Deus, o significado e o sentido da vida. Nesta obra do
peso-pesado da literatura russa, o autor faz um forte confronto sobre suicídio
e sobre o alcance da fé. Pessoalmente vejo nesta a mais amadurecida obra do
autor. Numa palavra: desconfortante. 127 páginas.
LIVRO DO DESASSOSSEGO – Fernando Pessoa: O narrador das
centenas de fragmentos que compõem este livro é o "semi-heterônimo"
Bernardo Soares. Ajudante de guarda-livros na cidade de Lisboa, ele escreve sem
encadeamento narrativo claro, sem fatos propriamente ditos e sem uma noção de
tempo definida. Os temas não deixam de ser adequados a um diário íntimo: a
elucidação de estados psíquicos, a descrição das coisas, através dos efeitos
que elas exercem sobre a mente, reflexões e devaneios sobre a paixão, a moral,
o conhecimento. "Dono do mundo em mim, como de terras que não posso trazer
comigo". Seu tom é sempre o de uma intimidade que não encontrará nunca o
ponto de repouso. Numa palavra: desorientador. 368 páginas.
PANCHO VILLA – Paco Ignácio Taibo II: Seus métodos de luta, por exemplo,
realmente poderiam ter sido estudados por Rommel e Mao Tse Tung, como
normalmente se diz, mas só o foram pelo subcomandante Marcos. Também dizem que
Pancho Villa era um bêbado, mas poucos sabem que ele mal provou álcool em sua
vida e ainda condenou à morte seus oficiais bêbados e destruiu garrafas de
bebidas alcoólicas em várias cidades que tomou. Essas são apenas algumas das
deliciosas histórias que o autor conta sobre o homem contra quem dispararam 150
tiros na emboscada na qual o mataram e que teve sua cabeça roubada depois de
enterrado. O estudo bibliográfico é extenso e sério. Numa palavra: histórico.
847 páginas.
ESTRUTURAS
ELEMENTARES DO PARENTESCO – Claude Lévi-Strauss: Editado pela primeira vez em 1949, nela o autor trata o
tema do parentesco de forma a desmentir questões muito discutidas no contexto cultural.
No primeiro capítulo, o autor desenvolve a ideia de que a cultura não é justa
ou superposta à vida. "Existe um comportamento estranho da espécie ao qual
o indivíduo possa voltar diante essas coisas." Não há um caráter
pré-cultural do homem. A ausência de regra parece ser um bom critério de
diferenciação entre natureza e cultura, porém, constância e regularidade
existem nas duas. Nesse sentido, o autor define que o caráter da norma pertence
à outra pessoa, enquanto que o caráter universal pertence à natureza. Não
Existe um mecanismo de articulação ente natureza e cultura. A proibição do
incesto é regra (caráter normativo da instituição indica o campo da cultura) de
caráter universal (do campo da natureza). Uma obra para mais que ser lida, deve
ser estudada. Numa palavra: meditativo. 542 páginas.