quarta-feira, 10 de agosto de 2022

MITOS SOBRE O MITO

 

É comum que pessoas atribuam a si fatos heroicos e importantes que não tenham ocorrido, ou se aconteceram, acrescentam detalhes para a nobreza da ação para supervalorização. Natural da vaidade humana. Uns mentem e inventam, outros dão uma dimensão que não existia. Mas de qualquer forma o que se pretende é ter a sua imagem desenhada de forma a valorizar o participante do evento. Pretende-se ficar na lembrança.

Lendo a biografia de Pancho Villa pude ver que ele chamava para si façanhas que levaram à independência do México. Ele criou situações praticamente impossíveis para que sua imagem ficasse eternizada na história. E pelo visto ele deu conta.

Mas há um caso muito interessante de uma figura, que nem sabemos ao certo se existiu, e menos ainda a data certa que passou a fazer parte da história. Existindo, ou criado, nunca se viu tantos fatos atribuídos a uma só pessoa. Se acaso verificarmos as datas, a duração dos eventos e os demais personagens que estavam com ele, sua idade ultrapassaria 1.000 anos!

Segundo consta, suas primeiras aparições foram nos encontros entre filósofos e seus pupilos. Nas lições dos sábios contava-se sua trajetória para tornar-se um herói. Aliás, seu nome significa “Rumo ao Heroico”. Contava-se um feito e desta parábola inventada para o caso, o mentor apresentava a seus alunos uma “moral da história”. Assim didaticamente, dava-se as aulas aos jovens para que tivessem um bom comportamento social, familiar, moral e ético. De fato, nada mais importante e interessante que lições sejam transmitidas com histórias interessantes. Historinhas que são criadas exclusivamente para aquela finalidade acadêmica e educadora.

Mas sua existência ultrapassou seus objetivos iniciais e o mito se materializou. Sabemos de um caso famoso onde o personagem é confundido com pessoa real. Sherlock Holmes é uma criação de Arthur Conan Doyle, uma fábula. Mas até endereço certo ele tem, e há quem jure de pé junto que Holmes foi de carne e osso.

Nosso personagem foi assim. Na sua época há quem diga que o viu. Narrativas em primeira pessoa dando conta de seus feitos. Uma vida lhe foi dada: seu nascimento, juventude, casamento, tragédia familiar, e morte. Obviamente, por ser um mito, cada um que contava um fato, lhe dava uma ótica e elementos diferentes. A sua morte é tão controversa que os livros trazem sempre umas três ou quatro versões para que o leitor escolha a que melhor aprouver.

Inicialmente ele teve de cumprir uma severa pena por ter matado a esposa e filhos num acesso de loucura. Pagou a penitência através da servidão a um rei, para o qual teve de trabalhar. Trabalhou dez vezes, depois doze. Sua masculinidade é exemplo para todo “macho alfa”. Não tinha medo de nada, e enfrentou leões, dragões, animais carnívoros e vários monstros. Até mesmo mulheres e singelos animais foram desafiadores para o mito, como mulheres líderes, gazelas e cães.

Chegaram a dar a ele uma inteligência que não tinha: foi capaz de enganar um deus que suportava a terra sobre seus ombros. Foi onde ninguém tinha ido: tanto na terra dos mortos como no mundo dos deuses onde ficou como sua última morada eterna.

Exilado, travestiu-se de mulher, e quando foi confundido com uma dama, riu muito e gostou da piada que se tornou a história. É que o deus Cupido o viu deitado com vestes femininas e vendo aquela figura muito encorpada, a desejou e possuiu. Passado o caso ele não se importou em contar para todos.

Casou-se novamente e teve filhos que lhe deram netos e continuidade na sua descendência.

Chamado a acompanhar Jasão em busca do Velo de Ouro, levou seu amigo Hilas. Na ilha de Misia as ninfas da água viram a linda figura de Hilas que era um dos mais belos componentes do navio de Argo, e o capturaram. Desolado nosso herói não abandou seu amante e ficou ali à procura de seu amor.

E assim foi a vida de Hércules. Um verdadeiro varal de mitos sobre o mito. Até hoje suas histórias são contadas, acrescentadas, inventadas e a eternidade garantida. Certamente o mais amado dos mitos haverá de nos entreter muito quando ouvirmos suas histórias.

quinta-feira, 4 de agosto de 2022

Não temos medo de desafios! Isto nos impulsiona!


Fonte: OAB - Nacional

Brasil tem 1 advogado a cada 164 habitantes; 


Conselho Federal da OAB se preocupa com qualidade dos cursos jurídicos

O Brasil é o país com a maior proporção de advogados por habitante do mundo. Ao todo cerca de 1,3 milhão de advogados exercem regularmente a profissão entre 212,7 milhões de pessoas, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Proporcionalmente, há um advogado para 164 brasileiros residentes no país.

À frente do Brasil em números absolutos está a Índia, com pouco mais de 2 milhões de advogados. Entretanto, com uma população muito maior que a brasileira: 1,4 bilhão de indianos frente aos 212,7 milhões de brasileiros, o que resulta em aproximadamente 1 advogado para cada grupo de 700 habitantes. Os dados são da International Bar Association (IBA).

Nos Estados Unidos, os números mostram os mesmos 1,3 milhão de advogados, porém para uma população de 329,5 milhões de pessoas. As informações são respectivamente da American Bar Association (ABA) e da ONU e mostram uma proporção de 1 advogado para cada 253 habitantes.

Para ter uma ideia do alto número de advogados na população brasileira, basta comparar os dados com outras nações, a começar pela vizinha Argentina. Em uma população de 46,1 milhões de pessoas segundo estimativa da Organização das Nações Unidas (ONU), existem 126 mil advogados – número informado pela Federación Argentina de Colegios de Abogados (FACA). Logo, uma proporção bem menor que a brasileira: 1 advogado para 365 pessoas.

A Europa tem vários cenários. Entre os 10 milhões de portugueses, por exemplo, apenas 16 mil são profissionais da advocacia: 1 advogado para cada 625 habitantes. O Reino Unido, por sua vez, tem 146 mil advogados atuantes numa população de 68,8 milhões de pessoas – 1 advogado para 471 habitantes.

Abertura de cursos excessiva

Uma das razões para o enorme número de advogados no Brasil é a abertura indiscriminada de cursos de direito pelo país. Se o número de inscritos na OAB é surpreendentemente grande, aquele referente aos estudantes de direito é estarrecedor. Existem, hoje, no país, cerca de 1,8 mil cursos jurídicos no país e, atualmente, segundo dados do próprio órgão, são mais de 700 mil alunos matriculados.

Luta antiga e histórica da OAB, a qualificação do ensino de direito no país poderia ter avanços maiores se não fosse a autorização desenfreada de cursos superiores na área jurídica pelo Ministério da Educação (MEC). A Ordem, por meio do Exame de Ordem Unificado (EOU), acaba funcionando como uma espécie de funil educacional, peneirando os alunos aptos a trabalhar na área. A maioria não consegue passar no exame, e a taxa de aprovação, desde que a prova foi unificada no país, não passa de 20% - uma exceção foi o 33° EOU, em 2021, quando a taxa foi de 31,4%.

O presidente nacional da OAB, Beto Simonetti, entende que o caminho ainda é longo. “Precisamos avançar muito na formação de futuros advogadas e advogadas. A OAB tem o compromisso de lutar e contribuir com a modernização do ensino jurídico brasileiro, sem abrir mão de sua qualidade, eficiência e superioridade técnico-científica”, afirma Simonetti.

OAB Recomenda

Uma das bandeiras da atual gestão é conseguir tornar os pareceres que a OAB elabora ao MEC, em relação à criação de novos cursos no país. A ideia é que não sejam tão somente opinativos, mas sejam considerados vinculantes.

Para incentivar as faculdades a oferecerem uma graduação em direito com nível qualitativo cada vez mais elevado, a OAB criou, em 7 de dezembro de 1999, o Selo OAB Recomenda. O indicador é mais uma das ferramentas da luta que a Ordem vem travando em defesa da proteção da educação jurídica no país. Junto com o EOU, o selo é um dos instrumentos fundamentais para a garantia da qualificação dos profissionais de direito no Brasil.

Ao instituir essa forma de reconhecimento, o objetivo da OAB era criar um balizador para os cursos da área no país. Em 1999 – ano da criação do selo – o MEC contabilizava 380 cursos de direito no Brasil. Um número já considerado grande na época, com mais de 300 mil alunos cursando faculdades de direito.

terça-feira, 2 de agosto de 2022

Animais Famosos

 


Atualmente tenho dedicado a leitura simultânea de três obras literárias bem distintas. Uma, “Pancho Villa, uma Biografia”, trata do camponês revolucionário que colaborou muito na Revolução Mexicana; uma obra muito bem estruturada escrita pelo biógrafo Paco Ignacio Taibo II da editora Planeta. No “Em Nome de Roma” Adrian Goldsworthy (editora Crítica) conta a história de grandes generais que foram para as linhas de frente das batalhas para formar, manter e ao final deixarem ruir o Império Romano. Por fim não poderia deixar minha querida Hannah Arendt de lado; dela tenho feito releituras especialmente de “Entre o Passado e o Futuro” da editora Perspectiva, onde trata de vários conceitos muito importantes como Autoridade, Liberdade, Verdade, etc.

Mas o que me chamou a atenção foi um singelo detalhe comum às três obras: Pancho Villa, sempre fotografado sobre um cavalo, e seu biógrafo a todo momento informando que ele roubava estes animais para enfraquecer seus adversários, e a importância deles nas suas aventuras; os generais romanos, ora usavam pombos, ora cães e cavalos para levarem mensagens de suas beligerantes empreitadas para Roma; Goldsworthy narra que Aníbal Barca orientou seu general Asdrúbal a colocar tochas amarradas nos chifres de dois mil touros para enganar os adversários romanos, dando a impressão de ter um exército muito  maior. Hannah por sua vez, menciona o seu conceito de animal laborans e trabalha esta versão do animal político de Aristóteles.

Estas referências me levaram ao sofá, e de olhos fechados e uma infinidade de imagens passaram pela minha mente: Os animais famosos da história geral. Apresento ao leitor o que lembrei, e minha nem tão ligeira escrita, conseguiu anotar:

As imagens iniciaram com os deuses gregos e os animais que cada um tinha como representação: Zeus com a águia; Posseidon e seus cavalos denominados Hipocampos; Ares com o Javali; a coruja de Atena; Dionísio (romano Baco) e a pantera; Hermes com cobras entrelaçadas em seu caduceu (que não são as mesmas do símbolo da medicina) e as asas em suas sandálias; as corsas (cervos) de Ártemis; Afrodite com as pombas; Hera tinha dois animais: a vaca e o pavão. Os demais deuses, que eu saiba, não tinham animais significativos. Lembrando que do cão Cérbero não pertencia a Hades, mas sim, um auxiliar nas portas do mundo dos mortos. Os centauros, os sátiros e até mesmo, Medusa, eu não os considero animais propriamente ditos pelos caracteres humanos que cada um deles tinham.

Menciono aqui, de passagem, os “animais-deuses” dos egípcios: o chacal ou cachorro de Anúbis, Hórus com o falcão; Bastet e o gato, dentre outros menos conhecidos. Na Índia, além da vaca, outros também são adorados. Por falar em deuses, o “bezerro de ouro” deu muita confusão no Antigo Testamento. Dentre as “Pragas do Egito” temos rãs, piolhos, moscas, gafanhotos e morte de animais domésticos. Dos bíblicos me chamaram a atenção o burrinho que Jesus usa para entrar em Jerusalém e os vários monstros do apocalipse.

A loba é de importância crucial para o mito que afirma que Rômulo e Remo foram criados por uma, e posteriormente fundaram a imortal cidade de Roma.

Perdido ainda nos meus pensamentos, passei a assimilar aninais na antiguidade: Pégaso, com seu fabuloso nascimento do sangue da Medusa quando Perseu a decapita. Lembrando que Perseu nunca montou este animal, ao contrário do que Hollywood mostra. Apenas Belerofonte o cavalgou. Os elefantes de Xerxes contra os espartanos, foram vistos por Heródoto como demônios saídos dos infernos. Também desconhecidos por Alexandre o Grande, os elefantes causaram terror. Posteriormente, eles foram utilizados contra Roma por Aníbal; mas depois os Romanos os adotaram, e nas Guerras Púnicas fizeram uso do paquiderme. Assim, minha mente passou para o cavalo de Alexandre, Bucéfalo, que deu nome a uma cidade. Calígula, posteriormente pretendeu dar o título de césar ao seu cavalo Invictus. Na guerra, conta-se (parece ser um mito) que Gengis Kan mandou atear fogo em cestos amarrados em milhares de cavalos e estourar a cavalgada no sentido do acampamento inimigo para incendiar o local.

Marengo foi de Napoleão Bonaparte e está empalhado e exposto no Museu de Londres, mas o seu famoso “Cavalo Branco” era chamado de Vizir.

Um famoso cavalo da literatura é Rocinante: desnutrido, cheio de carrapatos e sarna, além de manco, suportou as aventuras de Don Quixote. Também a cabritinha que sempre acompanha Esmeralda na obra O Corcunda de Notre-Dame de Victor Hugo. O gato no colo de Vito Corleone (O Poderoso Chefão) é uma cena icônica. Temos ainda o Gato de Schrödinger, que nem penso em explicar aqui.

A cobra de Cleópatra não pode ser esquecida. Mas tenho de fazer um breve resumo desta víbora: quando Cleópatra e Antônio estavam praticamente derrotados, planejaram as suas mortes. Antônio, vangloriando de sua vida militar, disse que debruçaria sobre sua espada. Mas sua amante queria permanecer bela após a morte. Após muitas pesquisas descobriu aquela serpente não alteraria seu plácido semblante após o último ato. Não esqueçamos da cobra que gostava de maçãs e ofereceu uma à primeira mulher, Eva.

Mas os cães foram sempre os favoritos e os que mais se destacaram. Na segunda grande guerra, de um lado estava Adolf Hitler com o seu pastor alemão, Blondi que até mesmo contra a vontade de Eva Braun, dormia na mesma cama do ditador. Hitler teve o cuidado de também ministrar veneno ao seu cão quando se mata no bunker. De outro lado, os aliados tinham o Rufus de Churchil; Rossevelt com Fala; De Gaule com Rasemotte e Stalin com um da raça Black Russian Terrier.

Vladimir Putin é um amante dos cães, pese ter sido visto até com ursos, hoje ladeiam o líder russo: Pasha, Veni, Yume, Buffy e Komi.

Mas ninguém poderia ser recordista em cães, senão a longeva Rainha Elizabeth II. Segundo consta, durante sua vida ela possuiu mais de 30 cães da raça Welsh Corgi Pembroke.

Atento a redação deste texto, está de olho em mim, Snow: meu gordinho vira-latas com sangue de yorkshire. O seu nome é inspirado em Jhon Snow da casa Stark que tinha o lobo como símbolo, na famosa série Game Of Thrones.

Deixe nos comentários algum outro que você queira acrescentar!

O Voto de Minerva

 

Falar de mitos gregos/romanos nos traz sempre uma grande dificuldade: falar pouco! Geralmente as histórias são demasiadamente grandes e cheias de idas e vindas. Mas aqui quero fazer um resumo desta importante passagem.

Agamenon foi um dos grandes personagens da Guerra de Tróia. Mas antes de ir para a guerra ele casou-se à força com Clitemnestra.

Ela não tinha motivos para gostar dele: ele matou seu antigo esposo e o filho que tinham; autorizou a morte de uma filha que teve com ela. E mais: disse que quando voltasse da guerra traria como segunda mulher, Cassandra de Tróia.

Assim sendo, Clitemnestra resistiu um pouco, mas acabou traindo Agamenon com Egisto. Ambos, então, tramam matar Agamenon quando ele votasse da guerra.

E assim foi feito! Ela o matou com uma facada e ainda cortou a sua cabeça. Clitemnestra e Egisto assumiram o trono de Micenas e deixaram a cabeça de Agamenon em exposição em praça pública.

Mas uma profecia dizia que se acaso Egisto colaborasse com a morte de Agamenon ele seria morto por Orestes, que era filho do herói de Tróia com Clitemnestra.

Egisto perseguiu Orestes mas não conseguiu mata-lo.

Orestes, longe de casa sempre pensava em vingar a morte do pai. Ele não admitia a traição da mãe com Egisto.

Orestes tinha uma irmã (também filha de Agamenon com Clitemnestra): Electra.

Com a ajuda de Electra, Orestes se fantasia de viajante e entra em Micenas. Acontece que para entrar no palácio real, o falso viajante disse que Orestes estava morto e tinha as cinzas dele num vaso. Egisto ficou muito alegre, pois assim não teria mais medo da profecia. Mas o que mais deixou Orestes triste e revoltado, foi que até mesmo sua mãe ficou feliz com a notícia da morte.

Neste instante Orestes se revela e mata Egisto e a própria mãe.

Cumpre-se a profecia e ele vinga a morte do pai.

Mas os deuses sempre interveem nas vidas dos homens.

O pai de Clitemnestra acusou Orestes de matricídio (matar a mãe) e quer mata-lo. Mas Minerva (nome grego de Atenas) não mais admite mais a vingança direta que até então era praticada. Ela convoca um julgamento.

A deusa seleciona 12 sábios anciãos para procederem ao julgamento. Seria este o primeiro julgamento da história dos homens.

Apolo foi o advogado de defesa e as Erínias (feras que atormentavam os homens) atuaram na acusação.

Se de um lado as Erínias argumentavam o terrível ato de matar a própria mãe, de outro, Apolo justificava a vingança de Orestes. De qualquer forma, os argumentos tanto da acusação quanto da defesa eram muito convincentes.

Foi assim que o julgamento terminou empatado. Atenas (ou Minerva) que havia convocado o julgamento determinou que a ela caberia dar o voto de desempate e que ninguém poderia contestá-la. Se qualquer pessoa fosse contra o voto dela, este seria severamente punido.

Então Minerva inaugura outro costume que prevalece até hoje: na dúvida, julga-se a favor do réu. E assim Orestes é libertado.

 

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